O atual presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Montevidéu, Uruguai na manhã desta quarta-feira (25/1), com uma difícil missão que é tentar brecar as negociações entre Uruguai e China para um acordo de livre comércio.
O artigo aborda:
A avaliação no governo brasileiro é que o possível acordo entre uruguaios e chineses abalaria o Mercosul, pois colocaria em xeque a Tarifa Externa Comum usada pelos países do bloco Sulamericano para transações entre si.
“É uma visita para fortalecer o Mercosul. Acredito que a América do Sul e o destino de sucesso dela passam pelo fortalecimento do bloco econômico”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acompanha Lula em Montevidéu.
As negociações do Uruguai de firmar um tratado de livre-comércio com a China é um dos temas centrais da viagem de Lula ao país vizinho. A possibilidade de o Uruguai ter uma relação comercial mais estreita com os asiáticos, sem a participação de outros países do Mercosul (Argentina, Brasil e Paraguai), tem causado incômodo aos demais membros.
A avaliação é que as relações comerciais do Mercosul podem ficar enfraquecidas caso a China tenha condições mais favoráveis para negociar dentro do continente. Fernández é contrário à proposta e, com a posse de Lula, o Brasil passou a questionar a ação com mais ênfase.
Um dos temores de Argentina, Brasil e Paraguai é que o Uruguai possa ter resultados mais positivos por importar produtos fora da Tarifa Externa Comum (TEC), um pacote de taxas que é aplicado em produtos e serviços negociados por todos os membros do Mercosul.
No entanto é bom destacar que a missão de Lula é para lá de inglória e muito difícil de ser concretizada, por que não se trata de qualquer parceiro internacional e sim do gigante asiático.
A China é conhecida por ser a locomotiva do mundo, e justamente por isso está por trás dos maiores investimentos em países de vários continentes do planeta. Difícil segurar esse "apetite", não é mesmo? Lula é realmente um bom articular, mas a ponto de frear um pragmático acordo Chinês? Acho que realmente não é o caso.
A parceria de livre comércio entre o Uruguai e a China tem sido um tema importante nos últimos anos, com ambos os países buscando expandir suas relações comerciais e econômicas. A China é atualmente o maior parceiro comercial do Uruguai, e a parceria de livre comércio tem sido vista como uma oportunidade para aumentar ainda mais essa relação.
A China tem investido em turismo no Uruguai, com o objetivo de aumentar o fluxo de turistas chineses para o país. O governo chinês tem incentivado os seus cidadãos a visitar o Uruguai, com a expectativa de que isso possa aumentar a presença econômica da China no país.
O Brasil foi o principal destino de investimentos da China em 2021, segundo novo estudo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Empresas chinesas investiram US$ 5,9 bilhões no país no ano passado, totalizando 28 grandes projetos, os maiores no setor de petróleo, por exemplo. Se estes investimentos são do setor privado, imagina o que não pode fazer o estado chines, quando for de sua vontade.
Os investimentos chineses em outras nações ao redor do mundo têm crescido significativamente nos últimos anos, com o país se tornando um importante jogador global no cenário econômico. A China tem buscado expandir sua influência econômica e política além de suas fronteiras, investindo em infraestrutura, indústrias e empresas em outros países.
Um dos principais motivos para o crescimento dos investimentos chineses no exterior é a busca por recursos naturais, como petróleo e minério, para suprir as necessidades crescentes da economia chinesa. A China é o maior importador de petróleo do mundo e tem investido em projetos de exploração de petróleo e gás em vários países, incluindo Angola, Brasil, Rússia e Venezuela. Além disso, a China também tem investido em mineração e exploração de minérios em países como Austrália, África do Sul e Peru.
Outro motivo para o crescimento dos investimentos chineses no exterior é a busca por mercados de consumo para as suas exportações. A China é o maior exportador do mundo e tem investido em países com mercados emergentes, como África, América Latina e Oriente Médio, para aumentar sua presença econômica nessas regiões. Além disso, a China tem investido em projetos de infraestrutura, como rodovias, portos e ferrovias, em países como Sri Lanka, Malásia e Indonésia, para facilitar o comércio e aumentar a sua presença econômica nessas regiões.
A China também tem investido em outras áreas, como tecnologia e inovação, para aumentar sua competitividade global. A China tem investido em empresas de tecnologia e inovação em outros países, como Estados Unidos e Europa, para adquirir tecnologia avançada e conhecimento para seus próprios setores de tecnologia. Além disso, a China tem investido em universidades e instituições de pesquisa em outros países, como EUA e Reino Unido, para aumentar a sua capacidade de pesquisa e desenvolvimento.
Os investimentos chineses no exterior têm gerado preocupações em alguns países, com alguns argumentando que a China está buscando adquirir ativos estratégicos e aumentar sua influência política e econômica em outros países, motivando uma "guerra econômica" entre Estados Unidos e China.
É por esse enorme esforço do governo chinês em ampliar sua influência por meio de sua pujante economia que eu não acredito na possibilidade de Lula reverter esse quadro. Talvez a saída seja aliar-se ao "adversário", formando uma parceria entre o bloco Mercosul e a China: talvez assim perderemos menos, mas só talvez.
*Maurício Júnior é colunista e trás: notícias, analises e opinião da política nacional no ND1*
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