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Quilombo Sacopã resiste há 105 anos em meio a prédios e mansões na Lagoa

A medida assinada pela Princesa Isabel pôs fim à escravidão no Brasil, mas foi só o início de uma luta que, para ele e seus familiares, nunca acabou.

11/02/2021 às 23h58 Atualizada em 12/02/2021 às 00h05
Por: Redação ND1
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Quilombo Sacopã / Reprodução / G1
Quilombo Sacopã / Reprodução / G1

"Se você criar um passarinho durante cinco anos em uma gaiola, se você abrir a porta dessa gaiola, esse pássaro vai sair, vai para o chão. Não sabe como se defender, não tem condições. A mesma coisa fizeram com os meus ancestrais."

*Atenção artigo publicado para teste de plataforma*

A metáfora é de José Luiz Pinto, mais conhecido como Luiz Sacopã, e explica o motivo de muitos negros preferirem não comemorar a Lei Áurea, que no domingo (13) completa 130 anos. A medida assinada pela Princesa Isabel pôs fim à escravidão no Brasil, mas foi só o início de uma luta que, para ele e seus familiares, nunca acabou.

Aos 76 anos, Luiz é músico e patriarca da sexta geração de uma família descendente de escravos, acostumada a lutar e a resistir. São os moradores do Quilombo Sacopã, pequena comunidade situada em área de 18 mil m² de mata em meio a prédios de luxo e mansões no bairro com o terceiro metro quadrado mais caro do Rio, a Lagoa, na Zona Sul.

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"Nós aqui somos 9 famílias, com 32 pessoas. Estamos na sexta geração. Todos temos traços sanguíneos, não tem ninguém de fora. Somos uma comunidade negra, cercada por brancos de todos os lados. Então, ninguém melhor do que eu para entender de racismo."

A família Pinto ocupa o local há 105 anos. A batalha que começou por liberdade e sobrevivência teve vários outros capítulos ao longo dos anos. Por décadas, eles tentaram junto à União o reconhecimento da propriedade, o que só saiu em 2014.

"Houve a forte remoção nos anos 1960, quando tiraram a maioria dos favelados daqui. Tínhamos que tomar um rumo, porque na época não tínhamos documento. Começamos a bolar uma forma para nossa permanência. Por eu ser o caçula, consegui dar o maior avanço em escolaridade e vim descobrir na Justiça uma coisa chamada usucapião", lembra.

Para se manter em uma das áreas mais valorizadas da cidade, a família Pinto se agarrou à Constituição de 1988, que garante propriedade aos remanescentes dos quilombos. Há quatro anos, o espaço foi reconhecido pela Fundação Cultural Palmares (FCP). Segundo o órgão do governo federal, em todo Brasil existem 2.465 certificados emitidos para 2.890 comunidades quilombolas; só 29 no Rio.

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