Nem bem conseguiu tirar o general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, embora sem emplacar o sucessor, o Centrão tem novo alvo: o chanceler Eduardo Araújo, um dos últimos representantes da ala olavista no primeiro escalão do governo. Na quarta-feira, ele foi alvo de uma dura sabatina no Senado, onde parlamentares o conclamaram a pedir demissão. Foram duros, os senadores, como raramente são. Para o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a atuação do Itamaraty, especialmente em relação à pandemia, está “muito aquém do desejado”. (G1)
Na tentativa de se manter no cargo, Araújo visitou ontem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), outro crítico de sua atuação, conta Bela Megale. O chanceler falou de seus esforços para conseguir vacinas e foi cobrado por uma postura menos ideológica e mais pragmática, especialmente em relação à China. (Globo)
Bolsonaro está vivendo pela segunda vez em um mês a situação de se ver pressionado pela base parlamentar a demitir um auxiliar com o qual é 100% alinhado. A cobrança pela cabeça de Araújo repete o roteiro que se viu com Pazuello. Bolsonaro estaria procurando uma “saída honrosa” para o chanceler. Uma das alternativas seria uma embaixada, mas para isso ele precisaria da aprovação do Senado, que lhe é abertamente hostil. (UOL)
Em outro flanco, Bolsonaro busca mostrar harmonia com o Centrão. Um dia depois de Lira fazer uma ameaça explícita ao Executivo com um “sinal amarelo” e remédios políticos “amargos” e “fatais”, o presidente o recebeu no Palácio do Planalto. “Não tem problema entre nós. Zero problema. Conversamos sobre muitas coisas”, disse Bolsonaro ao caminhar com o deputado pelos corredores do Palácio, o que não é comum. (Poder360)
Mas ele não resiste... Os pedidos de moderação passaram batidos. Bolsonaro voltou ontem a bater em governadores e prefeitos que decretam medidas de isolamento contra a Covid-19 no país. Segundo o presidente “o desemprego parte diretamente de quem faz lockdown”. (Poder360)
Já o vice Hamilton Mourão seguiu outra linha. Além de dizer que o número de mortos “ultrapassou o limite do bom senso”, alegou que um lockdown nacional seria inviável, mas defendeu a autonomia de governadores e prefeitos para adotarem medidas de restrição — “cada um sabe como que está a situação na sua área”. (Globo)
A Polícia Legislativa vai investigar a conduta do assessor para assuntos internacionais do Planalto, Filipe Martins. Na quarta-feira, durante depoimento do chanceler Ernesto Araújo no Senado, Martins foi flagrado fazendo um gesto a princípio tido apenas como obsceno. Depois, o gesto foi identificado como uma saudação entre supremacistas raciais nos EUA, significando “White Power” (Poder Branco). Martins alegou que estava apenas ajustando o paletó. (Estadão)