O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo, fez um contundente e pontual discurso em defesa do estado democrático e de direito além é claro, da independência do tribunal, e, convocou Jair Bolsonaro a trabalhar para resolver os verdadeiros problemas do país. Não é que não tenha certo receio no caso de ele realmente decidir trabalhar. Mas, afinal, está sendo pago para isso. Num trecho mais claro em defesa do tribunal, afirmou Fux:
"Ninguém! Ninguém fechará esta Corte. Nós a manteremos de pé. Com suor, perseverança e coragem. No exercício de seu papel, o Supremo Tribunal Federal não se cansará de pregar fidelidade à Constituição. E, ao assim proceder, esta Corte reafirmará, ao longo de sua perene existência, o necessário compromisso com o regime democrático, com os direitos humanos e com o respeito aos Poderes e às instituições deste país", disparou o ministro.
Em outro ponto do discurso, Fux disse que não aceitará ameaças à independência nem intimidações da Suprema Corte. Confira o trecho:
"Imbuído desse espírito democrático e de vigor institucional, este Supremo Tribunal Federal jamais aceitará ameaças à sua independência nem intimidações ao exercício regular de suas funções. Os juízes da Suprema Corte - e todos os mais de 20.000 magistrados do país - têm compromisso com a sua independência, assegurada nesse documento sagrado que é a nossa Constituição, que consagra as aspirações do povo brasileiro e faz jus às lutas por direitos empreendidas pelas gerações que nos antecederam.".
Referindo-se a esses entes que servem ao Estado, não a governos, o ministro elogiou:
"Destaque-se, por seu turno, o empenho das Forças Armadas, dos governadores de Estado e dos demais agentes de segurança e de inteligência pública, que monitoraram em tempo real todas as manifestações, permitindo assim o seu desenrolar com ordem e paz. De norte a sul do país, percebemos que os policiais e demais agentes atuaram conscientes de que a democracia é importante não apenas para si, mas também para seus filhos, que crescerão ao pálio da normalidade institucional que seus pais contribuíram para manter."
Fux fez referência direta a Bolsonaro:
Nós, magistrados, ministras e ministro do Supremo Tribunal Federal, sabemos que nenhuma nação constrói a sua identidade sem dissenso. A convivência entre visões diferentes sobre o mesmo mundo é pressuposto da democracia, que não sobrevive sem debate sobre o desempenho do governo e de suas instituições."
Emendou, na sequência que, em 130 anos, o STF jamais se negou ao aprimoramento institucional. Mas destacou, referindo-se diretamente a Bolsonaro: "A crítica institucional não se confunde nem se adequa com narrativas de descredibilização do Supremo Tribunal Federal e de seus membros, tal como vem sendo gravemente difundidas pelo chefe da nação.".