A última sessão da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) antes do recesso foi palco de intensas disputas políticas, ataques entre os grupos do governador Cláudio Castro e do prefeito Eduardo Paes, e uma reviravolta no controle do Sambódromo. De um lado, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), que já articula sua candidatura ao governo em 2026. Do outro, o deputado Rosenverg Reis (MDB), irmão do secretário estadual de Transportes, Washington Reis. Washington Reis, apesar de ocupar um cargo no governo estadual, tem sinalizado a aliados a possibilidade de se lançar como candidato em uma chapa de oposição, ao lado de Eduardo Paes, que também deve disputar o Palácio Guanabara em 2026. Recentemente, Reis tem aparecido em agendas públicas e publicações nas redes sociais com o prefeito, como na visita a Duque de Caxias, base eleitoral da família Reis, onde Paes o chamou de "professor dos prefeitos".
Em resposta, Bacellar esteve em Caxias na sexta-feira (28), posando com adversários históricos de Washington Reis, como o ex-prefeito Zito. Bate-Boca e Convocação na Alerj A tensão se estendeu ao plenário. Deputados governistas apresentaram um requerimento para convocar Washington Reis às CPIs da Alerj, sob a justificativa de pedir esclarecimentos sobre os reajustes nas tarifas do metrô. A convocação foi aprovada após ser submetida ao plenário por Bacellar. Rosenverg Reis reagiu afirmando que orientaria o irmão a não comparecer, gerando um bate-boca acalorado. Ao ser questionado por Bacellar se estava se dirigindo a ele, Rosenverg confirmou: "Sim, senhor, também". Bacellar respondeu: "Pode instruir o seu irmão da maneira que lhe couber. Acabou o tempo de você achar que o seu irmão manda no estado do Rio".
A discussão seguiu com trocas de farpas e acusações, culminando com Bacellar defendendo-se e criticando o governador: "Não me confunde com o Cláudio Castro, não, que comigo o senhor não vai confundir não. Diferente de você e do seu irmão, que não respeitam o parlamento." Estado Assume o Sambódromo, Prefeitura Recorre Além da disputa política, a Alerj aprovou um projeto que transfere a gestão do Sambódromo do Rio — atualmente municipal — para o governo do estado. A medida derruba um veto do governador Cláudio Castro e revoga um decreto-lei de 1975, que determinava o Sambódromo como parte do patrimônio da cidade do Rio de Janeiro após a fusão com o estado da Guanabara.
O próprio líder do governo na Alerj, deputado Rodrigo Amorim, defendeu a mudança, afirmando que o "Carnaval é patrimônio do estado do Rio de Janeiro e não da cidade do Rio de Janeiro tão somente". A prefeitura do Rio reagiu com veemência. Em vídeo, Eduardo Paes criticou a decisão dos deputados, questionando a prioridade em assumir um bem municipal diante dos problemas do estado. Ele ressaltou que a Prefeitura arca com cerca de R$ 47 milhões por ano para manter o Sambódromo e operar o carnaval, excluindo o repasse às escolas de samba.
A prefeitura confirmou que vai recorrer judicialmente da decisão. O advogado José Luiz Minc, da Comissão de Direito Público da OAB-RJ, considerou a manobra da Alerj juridicamente questionável, ressaltando que a apropriação de um bem municipal por interesse público exigiria um procedimento de desapropriação.