O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (1º) que o governo manterá o diálogo com o Congresso Nacional após a derrubada do decreto que elevaria o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Haddad reiterou que o Executivo nunca utilizou o termo "traição" em relação à decisão do Legislativo sobre o tema.
Contudo, o ministro aguarda uma ligação do presidente da Câmara, Hugo Motta, para esclarecer a situação. "Estou aguardando o retorno de uma ligação que fiz para ele na semana passada", disse Haddad. Ele destacou a relação de amizade de Motta com o Ministério da Fazenda, ressaltando o livre trânsito do parlamentar na pasta.
Derrubada do IOF: Uma Derrota Histórica e os Próximos Passos do Governo
O assunto gerou desconforto no Planalto desde 24 de junho, quando Motta anunciou a votação da proposta na Câmara para o dia seguinte, pegando o governo de surpresa. Em uma rápida articulação entre as Casas, o Senado também votou a proposta no mesmo dia.
O resultado foi uma derrota histórica para o governo Lula no Congresso, com a aprovação da derrubada de três decretos de Lula que visavam aumentar o IOF. Na Câmara, a derrota foi consolidada com 383 votos a favor e apenas 98 contrários, sendo 242 votos provenientes de partidos com ministérios no governo. No Senado, a articulação política do Planalto evitou o registro nominal de votos, e a derrubada dos decretos foi aprovada de forma simbólica.
Agora, o governo deve recorrer à Justiça para tentar reverter o quadro. Na semana passada, o governo Lula acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para analisar se a decisão da Câmara fere a autonomia entre os poderes. Haddad confirmou a iniciativa em entrevista à GloboNews na última sexta-feira (27). Hugo Motta, por sua vez, afirmou nesta segunda-feira (30) que não houve traição e que já havia alertado o governo sobre a dificuldade de aprovação do decreto no Congresso.