A Operação Abbraccio, lançada na manhã desta segunda-feira (30), apreendeu mais de 200 mil arquivos contendo fotos e vídeos de meninas e mulheres em situações degradantes. A investigação mira uma quadrilha acusada de compartilhar imagens íntimas e humilhar vítimas por meio de chantagens nas redes sociais. Até o momento, cinco homens foram presos e quatro menores, apreendidos. A delegada Gabriela von Beauvais, diretora do Departamento Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM), descreveu a crueldade dos criminosos: "Elas eram obrigadas a se mutilar, escrever os nomes desses homens em partes de seus corpos". A operação, que mobilizou mais de 160 policiais, abrangeu 21 municípios em 8 estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Amazonas, Goiás, Piauí) e o Distrito Federal. A delegada Fernanda Fernandes detalhou o conteúdo chocante: "Os vídeos são muito fortes. São vídeos com conteúdo misógino e racista, com xingamentos. Foram inúmeras violências praticadas ali. Eles também exigiam sacrifício de animais que essas vítimas tinham. Porque o objetivo era que elas sofressem muito. Nada era suficiente". Prisões e o Modo de Operação da Quadrilha Os policiais civis cumpriram quatro mandados de prisão, e uma pessoa segue foragida. A delegada Gabriela classificou as cenas das imagens como “horrendas”, explicando que se tratava de "um grupo criminoso misógino que visava humilhar meninas e mulheres através de violência psicológica, violência física e violência sexual. Tudo virtualmente". O grupo agia conquistando a confiança das vítimas por meio de aplicativos de namoro ou outras plataformas online. Após convencer as mulheres a enviarem fotos íntimas, os criminosos as ameaçavam com a divulgação das imagens e as obrigavam a participar de "desafios" que envolviam diversas formas de violência. Entre os presos estão o militar da Aeronáutica Pedro Henrique Silva Lourenço, suspeito de aliciar as vítimas para se automutilarem, e Gustavo Barbosa da Silva e João Vitor França de Souza. Vitor Bruno Tavares, que já estava detido, teve sua prisão convertida de temporária para preventiva. Os quatro menores apreendidos também fazem parte do esquema. Início das Investigações e Alerta aos Pais As investigações começaram com a denúncia da mãe de uma adolescente de 16 anos na Deam de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A delegada Fernanda Fernandes explicou que o agressor simulava um relacionamento amoroso para obter as primeiras fotos íntimas, passando então a coagir e ameaçar a vítima. Com as ameaças, os "desafios" migraram para o aplicativo Discord. "Começaram a exigir dessa vítima, alguns ela teve que cumprir, acreditando que não ocorreriam consequências e, mesmo tendo cumprido parte deles, eles criaram outro grupo, aí sim para divulgar dados pessoais dela, da mãe da vítima. E os vídeos íntimos", relatou a delegada. Foi por meio dessa divulgação para familiares que a mãe descobriu a chantagem. A identificação do primeiro integrante da quadrilha foi crucial para que os investigadores chegassem aos demais membros e às vítimas. Pelo menos 10 meninas e mulheres foram identificadas até o momento, mas o número pode ser maior. As delegadas enfatizaram a importância do monitoramento parental do conteúdo consumido por crianças e adolescentes na internet, a fim de evitar que caiam em armadilhas criminosas, e a necessidade de procurar a polícia em caso de crime. "É necessário que os pais de crianças e adolescentes monitorem o que eles andam fazendo nas redes sociais, pois ali são praticados crimes cruéis, como é possível ver na operação, e precisamos combater", destacou Gabriela von Beauvais.