Sábado, 12 de Julho de 2025
18°C 23°C
Rio de Janeiro, RJ
Publicidade

Relação entre Hugo Motta e Fernando Haddad Azeda após Derrota do Governo no IOF

Derrubada de decreto sobre imposto aprofunda crise de confiança e distância entre presidente da Câmara e ministro da Fazenda

Elise Ventura
Por: Elise Ventura
27/06/2025 às 06h48
Relação entre Hugo Motta e Fernando Haddad Azeda após Derrota do Governo no IOF
Reprodução da internet

A recente derrota do governo Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara, com a derrubada do decreto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), intensificou o mal-estar entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A relação, que antes era descrita como amistosa, já vinha se deteriorando desde o início de junho.

Continua após a publicidade
Anúncio

O ponto de inflexão mais recente foi a decisão de Motta de anunciar, por meio das redes sociais, a votação do decreto, o que irritou Haddad. O ministro expressou à Folha seu desconhecimento sobre a mudança de postura do deputado: "Eu não sei o que aconteceu depois daquele domingo [dia da reunião]. Eu não briguei com ninguém, eu nem posso brigar com ninguém, tenho uma agenda para cumprir e tenho um compromisso com o país, com o presidente da República", afirmou Haddad.

Nos últimos dois anos, Motta foi um dos líderes partidários mais próximos do ministro da Fazenda. No entanto, aliados do presidente da Câmara revelam que ele agora fala em uma quebra de confiança com Haddad. Em conversas reservadas, Motta tem atribuído ao ministro a origem de críticas à sua conduta nas negociações, que foram amplamente noticiadas pela imprensa.

Apesar de ter inicialmente descrito como "histórica" a reunião com Haddad sobre as mudanças no IOF, Motta posteriormente levantou duras objeções à proposta da equipe econômica, gerando questionamentos sobre sua dubiedade entre os governistas. Aliados de Motta, porém, esclarecem que sua referência à reunião era sobre o encontro em si, que reuniu importantes figuras políticas, e não sobre o conteúdo das medidas, negando qualquer compromisso com as propostas.

O desentendimento foi agravado pelos elogios que Haddad fez a Arthur Lira (PP-AL), seu antecessor, durante um jantar em São Paulo. Líderes partidários interpretaram o gesto como uma crítica indireta a Motta, apesar de o ministro não ter citado seu nome.

O estremecimento na relação foi tema de uma reunião na semana passada, onde Motta manifestou sua insatisfação com o que considera "fogo amigo" de membros do governo federal, afirmando que não toleraria tal comportamento. Ao ser informado da contrariedade de Motta, Haddad o procurou para refutar o que chamou de "intriga infundada", enviando uma mensagem de áudio negando as críticas. Motta, por sua vez, sugeriu que ambos deixassem a "poeira baixar".

Haddad confirmou à reportagem que tentou desfazer o mal-entendido, sem sucesso. "Não fiz essa referência que chegou ao presidente da Câmara. E ele foi informado disso por mim", declarou o ministro. Desde então, Motta tem evitado os telefonemas de Haddad.

A decisão de Motta de colocar em pauta a derrubada da proposta do IOF pegou o governo de surpresa na noite da última terça-feira (24). Na quarta-feira (25), a Câmara aprovou a derrubada do decreto por 383 votos a 98, impondo uma nova derrota ao Palácio do Planalto.

Continua após a publicidade

Um aliado próximo do presidente da Câmara descreve a relação entre os dois políticos como "inexistente" no momento, mas acredita que é possível restabelecer as pontes por meio do diálogo. Políticos como o líder do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), próximo de ambos, devem atuar como "bombeiros" para tentar reverter a situação. Hugo Motta não se manifestou sobre o assunto quando procurado.

Apesar de o presidente Lula ter elogiado a argumentação de Haddad em defesa de suas propostas de aumento de impostos, houve preocupação no Planalto com os desencontros na articulação política. Ministros do governo, sob reserva, chegaram a afirmar que Haddad foi ingênuo ao acreditar no endosso dos parlamentares, lembrando que o Congresso é um palco de oposição a Lula.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Rio de Janeiro, RJ
19°
Tempo limpo
Mín. 18° Máx. 23°
19° Sensação
1.03 km/h Vento
84% Umidade
0% (0mm) Chance chuva
06h33 Nascer do sol
06h33 Pôr do sol
Domingo
22° 16°
Segunda
22° 15°
Terça
22° 16°
Quarta
23° 16°
Quinta
24° 17°
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,56 +0,00%
Euro
R$ 6,50 +0,00%
Peso Argentino
R$ 0,00 +2,44%
Bitcoin
R$ 695,980,57 +0,11%
Ibovespa
136,187,31 pts -0.41%
Publicidade
Publicidade
Enquete
...
...