A Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu e iniciou a demolição de uma torre onde funcionava uma igreja falsa, utilizada como base armada por criminosos do Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, durante a operação desta terça-feira (10 de junho de 2025). O local era estrategicamente posicionado para que os traficantes atirassem contra as forças policiais. A estrutura, que contava com púlpito e assentos para fiéis, possuía diversas seteiras – buracos nas paredes projetados para apoiar armas e dificultar a identificação da origem dos disparos. A Secretaria de Ordem Pública (Seop) foi acionada e já iniciou a demolição da torre. "Os agentes também encontraram dezenas de cápsulas de bala deflagradas, indicando o local como refúgio recente dos criminosos", informou a Seop em nota.
A operação tem como objetivo cumprir pelo menos 70 mandados de prisão contra traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP). O intenso tiroteio resultou em pelo menos quatro pessoas baleadas. Por precaução, vias importantes como a Avenida Brasil e a Linha Vermelha foram fechadas por volta das 6h30, causando um grande congestionamento na Zona Norte do Rio. Em consequência, o Centro de Operações e Resiliência (COR) elevou a cidade para o Estágio 2, em uma escala de 5, o que indica a possibilidade de impactos na rotina do cidadão. Um vídeo gravado dentro de uma estação do BRT mostra passageiros deitados no chão, alguns orando e outros entoando louvores, enquanto disparos incessantes eram ouvidos nas proximidades. Detalhes da Operação e Liderança do Tráfico A ação desta terça-feira é resultado de sete meses de investigações que culminaram na identificação de 44 traficantes sem mandados anteriores, permitindo à Polícia Civil solicitar novas ordens judiciais com base em provas recém-adquiridas. Este grupo criminoso é chefiado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”, um dos traficantes mais procurados do Rio de Janeiro. Peixão, que é evangélico, batizou de Complexo de Israel as comunidades de Vigário General, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Nessas áreas, religiões de matriz africana foram banidas.
Somados aos criminosos já procurados, a operação busca cumprir cerca de 70 mandados de prisão. "Estamos lá para cumprir dezenas de mandados contra narcotraficantes que atuam nessas comunidades. Vários deles, que até então passavam despercebidos porque não ostentavam anotações criminais, mas que tinham intensa participação, foram identificados por essa investigação”, declarou o secretário Felipe Curi, chefe da Polícia Civil. A polícia revelou que o TCP impõe seu domínio através de barricadas, uso de drones para monitorar as forças de segurança, imposição de toque de recolher e monopólio de serviços públicos. Além disso, as investigações descobriram um grupo especializado em organizar “protestos” com a queima de ônibus para dificultar o trabalho policial, e outro núcleo focado no abate de aeronaves policiais, composto por criminosos com armamento pesado e treinamento específico.