O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) declarou, nesta quarta-feira (4), que não houve "nada de ilegal ou irregular" na conversa que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro antes de seu depoimento como testemunha nas investigações sobre a suposta trama golpista. A manifestação de Mourão surge após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar que a Polícia Federal colha seu novo depoimento, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A decisão de Moraes foi motivada por indícios de que Mourão poderia ter sido influenciado por Bolsonaro antes de sua oitiva no processo que apura um plano para manter o ex-presidente no poder em 2022.
Em nota, Bolsonaro frisou: "Em momento algum fui constrangido, ameaçado ou recebi alguma insinuação que pudesse, de alguma forma, influenciar meu depoimento que, registro, foi a expressão da verdade em cada palavra, ratificando-o integralmente."
O Relato de Mourão e o Pedido da PGR
Segundo o relato de Mourão, o contato de Bolsonaro foi uma consulta simples: "O ex-Presidente entrou em contato comigo, dias antes da data marcada pelo STF, me consultando se concordaria em depor como testemunha de defesa e se na data designada pela Corte seria possível". Ele explicou que Bolsonaro esclareceu que, excepcionalmente, o ministro relator Alexandre de Moraes não expediria intimações às testemunhas de defesa, cabendo às próprias defesas contatá-las.
A PGR, por sua vez, busca apurar denúncias de que Bolsonaro teria ligado para Mourão para orientá-lo sobre o que dizer à Justiça. A conversa teria ocorrido antes da oitiva do senador, realizada em 23 de maio, e o ex-presidente teria pedido que o parlamentar reforçasse que nunca ouviu dele qualquer menção a uma ruptura institucional.
Na petição encaminhada ao STF, a Procuradoria afirmou que esse diálogo pode configurar tentativa de constrangimento, intimidação ou coação de testemunha. Diante disso, o Ministério Público solicitou um novo depoimento de Mourão para apurar os fatos e avaliar a necessidade de novas medidas. O ministro Alexandre de Moraes concordou com o pedido, e a petição será autuada em processo separado e sob sigilo, mas vinculada à ação penal em que Bolsonaro é réu.