O cantor MC Poze do Rodo, cujo nome de batismo é Marlon Brendon Coelho Couto, foi liberado do presídio de Bangu 3, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio, na tarde desta terça-feira, 3 de junho. A soltura ocorreu após a concessão de um habeas corpus pela Justiça, determinando sua liberdade provisória mediante o cumprimento de medidas cautelares. A esposa do artista, a influenciadora e empresária Viviane Noronha, aguardava sua saída em frente à unidade prisional, onde uma multidão se aglomerou e precisou ser contida pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) com grades.
Poze foi preso em 29 de maio por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do RJ, em sua residência no Recreio dos Bandeirantes, onde vive com a mulher e os três filhos. Ele é investigado por apologia ao crime, envolvimento com o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro para a facção Comando Vermelho. A decisão do desembargador Peterson Barroso, da Segunda Câmara Criminal, considerou que a prisão não se sustentava, pois não ficou demonstrada sua imprescindibilidade para a investigação.
Medidas Cautelares e Continuidade das Investigações
Após a soltura, MC Poze deverá cumprir as seguintes medidas cautelares:
* Comparecimento mensal em juízo até o dia 10 de cada mês para informar e justificar suas atividades.
* Não se ausentar da Comarca enquanto perdurar a análise do mérito do habeas corpus.
* Permanecer à disposição da Justiça, informando telefone para contato imediato.
* Proibição de mudar-se de endereço sem comunicar ao Juízo.
* Proibição de comunicação com pessoas investigadas, testemunhas e indivíduos ligados à facção Comando Vermelho.
* Entrega do passaporte à Secretaria do Juízo originário.
As investigações da DRE apontam que Poze realiza shows exclusivamente em áreas dominadas pelo Comando Vermelho, com a presença de traficantes armados, e que o repertório de suas músicas faz apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incita confrontos entre facções. A polícia reforça que as letras extrapolam os limites da liberdade de expressão e artística, configurando crimes de apologia ao crime e associação para o tráfico.
No último dia 19 de maio, o RJ2 noticiou que a DRE abriu uma investigação após vídeos de um baile funk na Cidade de Deus, onde Poze se apresentava, viralizarem. Nessas gravações, criminosos exibiam fuzis sem receio de identificação. O show, que enaltecia o Comando Vermelho, ocorreu dias antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço em uma operação na comunidade. Em 2020, o MC também foi visto em um evento similar no Jacaré. Outros artistas também estão sob investigação por apologia ao tráfico.
O advogado Fernando Henrique Cardoso, que representa Poze do Rodo, Cabelinho e Oruam, defendeu que há uma narrativa de perseguição a certos gêneros musicais, comparando a situação à criminalização inicial do samba. Ao dar entrada no sistema penitenciário, Poze declarou à Seap ter ligação com a facção Comando Vermelho, uma informação padrão preenchida por todos os presos para evitar conflitos internos, já que as cadeias do RJ são divididas por facções. Devido a essa declaração, ele foi transferido para Bangu 3, uma unidade que abriga integrantes do CV.