A renomada cantora Nana Caymmi morreu aos 84 anos nesta quinta-feira (1º), no Rio de Janeiro. Segundo Danilo Caymmi, artista teve muitos problemas pulmonares durante os nove meses na UTI.
Ela era muito emotiva, e carregava isso para dentro da música, com uma categoria enorme", declarou Danilo Caymmi sobre sua irmã, Nana Caymmi. Segundo ele, esse talento singular a consagrou como uma das cantoras prediletas de Tom Jobim, tornando-se uma grande intérprete de sua obra. Danilo também recordou a irmã como "bem-humorada" e "muito querida". Do Bolero ao Samba: Uma Carreira Marcada pela Coerência Dinahir Tostes Caymmi, que nasceu no Rio de Janeiro em 29 de abril de 1941, era filha de Dorival Caymmi e Stella Maris, e irmã de Danilo e Dori Caymmi.
O colunista Mauro Ferreira definiu a discografia de Nana como notável por sua "extrema coerência" na escolha de repertório, arranjadores e produtores musicais. Seu vasto repertório transitava com maestria entre boleros, sambas, sambas-canção, bossa nova e a rica tapeçaria da MPB de diferentes épocas. Canções como “Resposta ao tempo”, “Beijo partido” e “Se queres saber” ganhavam em sua voz uma interpretação única e marcante. Crescendo no Rio de Janeiro, Nana esteve imersa no universo da música nacional, tendo como figura central seu pai, o renomado compositor, cantor e instrumentista Dorival Caymmi. Ainda bebê, inspirou o pai a compor a canção “Acalanto”, que em 1960 foi regravada com a participação de Nana, marcando sua estreia fonográfica. Ascensão na MPB e Legado Duradouro Nana Caymmi emergiu no cenário da MPB nos anos de 1960. Em 1964, participou do histórico disco “Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori e Danilo”, um sucesso que transcendeu as fronteiras do Brasil, alcançando reconhecimento nos Estados Unidos.
Ao longo de sua prolífica carreira, gravou dezenas de álbuns, incluindo títulos como “Nana Caymmi” (1975), “Renascer” (1976), o memorável “Voz e Suor” (1983) ao lado do pianista Cesar Camargo Mariano, “Bolero” (1993) e “A noite do meu bem – As canções de Dolores Duran” (1994), produzido por José Milton, com quem colaborou até 2019. Em 1998, sua interpretação da canção “Resposta ao tempo”, de Aldir Blanc e Cristovão Bastos, abrilhantou a abertura da minissérie “Hilda Furacão” da TV Globo.
Embora sua popularidade não tenha atingido os níveis de outras grandes cantoras da MPB como Maria Bethânia, Elis Regina e Gal Costa, Nana Caymmi consolidou-se desde o início de sua trajetória como uma das vozes mais relevantes do país. Nas palavras do crítico musical Mauro Ferreira em 2021: “Embora nunca tenha sido cantora de arroubos teatrais, Nana encara o peso e a dramaticidade das músicas em que põe a voz lapidada com o tempo que fez emergir, a partir dos anos 1970, o brilho do verdadeiro diamante embutido nas cordas vocais da intérprete”. Seus últimos trabalhos de estúdio foram “Nana, Tom, Vinicius” (2020) e “Nana Caymmi Canta Tito Madi” (2019), reafirmando seu compromisso com a excelência e a riqueza da música brasileira.