A poucos quilômetros da agitação urbana do Rio de Janeiro, um paraíso ecológico resiste em silêncio: o Pantanal Fluminense. Este conjunto de manguezais, situado na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim, representa um dos últimos grandes refúgios naturais da Baía de Guanabara e um verdadeiro tesouro ambiental do estado. Criada em 1984, a APA de Guapimirim abrange aproximadamente 14 mil hectares, distribuídos entre os municípios de Guapimirim, Magé, Itaboraí e São Gonçalo.
A região abriga um dos ecossistemas mais ricos e preservados do estado, servindo de habitat para uma biodiversidade surpreendente. Seus canais são serpenteados pelos rios Guapi-Macacu e Guaraí, que nutrem os manguezais e oferecem abrigo a espécies ameaçadas de extinção, como o jacaré-de-papo-amarelo, a biguatinga e a marreca-caneleira.
Os manguezais da região desempenham um papel crucial como berçário natural para diversas espécies marinhas. Entre os destaques, encontra-se a presença dos botos-cinza, símbolo do estado do Rio de Janeiro.
A observação desses animais em seu ambiente natural é um dos atrativos do turismo ecológico local, que se desenvolve de maneira sustentável com o apoio de comunidades ribeirinhas e projetos socioambientais. Além dos passeios de barco, iniciativas como o projeto Mel do Manguezal incentivam a apicultura sustentável, gerando renda para os moradores e contribuindo para a preservação da flora nativa.
Outro projeto importante é o Uçá, que atua na restauração de áreas degradadas e na conscientização sobre a relevância dos manguezais para o equilíbrio ecológico da Baía de Guanabara. O município de Guapimirim, que engloba a maior parte da APA, tem cerca de 80% de seu território protegido por unidades de conservação. Além disso, serve como porta de entrada para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, lar de cartões-postais como o Dedo de Deus e o Mirante do Soberbo. Mais do que um simples destino turístico, o Pantanal Fluminense personifica um modelo de coexistência harmoniosa entre a conservação ambiental, a educação ecológica e o engajamento comunitário. Uma joia escondida que merece ser conhecida, valorizada e, sobretudo, protegida.