O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, o que demonstra que é um equívoco pensar que o encarceramento em massa seja a única solução para combater a criminalidade.
Quero falar sobre a revolta constrangedora que os nobres deputados e senadores da direita estão protagonizando em relação à sentença proferida pelo STF à mulher que pichou a estátua da Justiça, em Brasília, com a famosa frase "Perdeu, mané", escrita com batom. Não vejo o mesmo clamor por parte desses parlamentares em relação às dezenas de milhares de mulheres encarceradas em condições sub-humanas. Isso sem mencionar que, em comparação aos presídios masculinos, os femininos oferecem um "certo conforto", embora muitas presas sejam obrigadas a dar à luz algemadas a camas de ferro, sofram abusos e vivam sem o mínimo de higiene. Além disso, há inúmeras mulheres presas sem julgamento, mas essa situação não parece constranger os "homens e mulheres de bem".
Deixando de lado essas revoltas seletivas, como já mencionei anteriormente sobre a sentença de Débora (apoiadora do golpe), até entendo que ela esteja presa e longe dos filhos por opção, pois o Judiciário lhe propôs a redução da pena. Enquanto isso, outras mulheres que cometeram crimes – cada qual com sua pena – apodrecem na cadeia sem que políticos ou religiosos se importem com suas dificuldades.
Essa indignação duvidosa já amoleceu o coração do ministro Alexandre de Moraes. Como sempre, a Justiça no Brasil tem lado – e não está ao lado do povo comum.