A eleição para secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) se tornou um palco de embate diplomático, com a disputa simbolizando a crescente tensão entre os Estados Unidos e a América Latina. De acordo com um diplomata do Palácio do Planalto, conselheiro do presidente Lula (PT), a ofensiva comercial e a retórica do presidente americano Donald Trump, renovada em seu discurso ao Congresso americano, estão acelerando a aglutinação de países social-democratas na região.
A avaliação do Itamaraty é que a OEA precisa de recursos dos Estados Unidos para funcionar, mas derrotar o candidato apoiado por Trump, o chanceler paraguaio Rubén Ramírez, enviaria uma mensagem clara da maioria da América Latina. Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia e Uruguai já anunciaram apoio público ao candidato do Suriname, Albert Ramdin, que representa o bloco que busca frear a ascensão de Trump na região.
O diplomata do Palácio do Planalto destaca que Trump manteve o tom de campanha em seu discurso, renovando ataques a países como Brasil e Índia, além de ameaças de tomar a Groenlândia e o controle do Canal do Panamá. Apesar da retórica forte, o diplomata acredita que Trump usa a pressão para conseguir concessões, como no caso das tarifas, mas que a reação a suas ações está acelerando a reaglutinação do campo social-democrata. A disputa pela liderança da OEA se torna um reflexo da crescente polarização política na América Latina, com a eleição para secretário-geral servindo como um termômetro da influência de Trump na região. A derrota do candidato apoiado por Trump seria um sinal de resistência e união entre os países latino-americanos, enquanto sua vitória consolidaria ainda mais a influência americana na região.