Diplomatas ouvidos pela GloboNews avaliaram nesta quarta-feira (5) que o Brasil precisará, nas próximas semanas, equilibrar uma postura "firme", mas ao mesmo tempo "cuidadosa" em relação ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e às tarifas que podem ser impostas a produtos brasileiros exportados para o mercado americano. Na terça-feira, durante o tradicional discurso do Estado da União no Congresso, Trump citou o Brasil entre os países que, segundo ele, "roubam" os Estados Unidos com taxas sobre produtos americanos. Durante sua campanha, o então candidato prometeu adotar uma política mais protetora, alegando que países ao redor do mundo lucram às custas dos EUA.
Desde que assumiu, Trump tem implementado uma série de medidas para sobretaxar produtos de diversos países, justificando a necessidade de proteger os produtores locais, como a taxação de 25% sobre o aço e o alumínio estrangeiros. Essas medidas impactam diretamente a economia de países que exportam para os EUA. Um diplomata, em conversa reservada com a GloboNews, afirmou que a postura do governo brasileiro já tem sido cuidadosa em relação a Trump, para não agravar a situação. Ele destacou que "prudência não é deixar de responder", mas sim "saber o momento de responder". Outro diplomata alertou que o Brasil não deve "apagar o fogo colocando gasolina", pois isso poderia piorar a situação.
Um integrante do Palácio do Planalto comentou que a estratégia atual deve ser manter uma postura "cuidadosa, mas responsiva", ou seja, "prudente e firme" ao mesmo tempo. Segundo ele, o Itamaraty precisará ser cauteloso para "não escalar" a situação desnecessariamente, respondendo de forma "firme" apenas "se for preciso". Brasil Não Deve Aceitar Provocações O diplomata Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na França e na Argentina, avaliou que o discurso de Trump "não foi promissor", pois o atual presidente dos EUA possui "convicções agressivas" e defende medidas como se o país fosse "vítima da sociedade internacional". Azambuja, que é conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), também mencionou que Trump tentou colocar o Brasil em uma espécie de "lista de espera" de países que poderão ser atingidos por uma "severa resposta americana", exigindo do Brasil uma postura "cuidadosa".
Ele enfatizou que o Brasil deve permanecer em alerta, atento e cauteloso, especialmente porque Trump possui uma "agressividade natural". Para Azambuja, a diplomacia brasileira precisará equilibrar uma posição "firme", "clara" e "articulada", evitando provocar ou aceitar provocações do governo dos Estados Unidos, a fim de prevenir "animosidades" nas relações entre os dois países.