A revelação de um áudio envolvendo o general Mário Fernandes, recuperado pela Polícia Federal, lança luz sobre um capítulo sombrio da história recente do Brasil. As declarações do militar expõem uma tentativa explícita de pressionar por uma ruptura institucional e desafiar os princípios democráticos, algo inadmissível em um Estado de Direito.
As falas do general, ao pressionar por uma decisão política de caráter golpista, evidenciam um desrespeito às bases fundamentais da democracia. O comentário “O presidente tem de decidir e assinar esta merda” reflete um anseio pela imposição de um regime autoritário, sem qualquer legitimidade popular ou amparo jurídico. A frustração expressa diante da hesitação das Forças Armadas e de Bolsonaro em seguir com tais planos demonstra o quão próximo o país esteve de um cenário de ruptura institucional.
O relato também indica a resistência de setores das Forças Armadas em participar de um golpe. O próprio general reconhece que sem uma decisão política, as instituições militares não se movimentariam. Esse posicionamento reafirma que grande parte do comando militar compreende seu papel constitucional: a defesa da soberania e a garantia da ordem democrática. No entanto, é preocupante que figuras de alto escalão, como Fernandes, cogitem usar as Forças Armadas como ferramenta para interesses políticos.
As palavras do general não apenas desafiam a ordem democrática, mas também colocam em xeque os valores éticos e profissionais que devem nortear a conduta de qualquer oficial militar. O envolvimento de uma autoridade de tamanha relevância em discussões que incentivam a ruptura constitucional é um grave precedente e requer uma resposta firme das instituições responsáveis pela preservação da democracia.
É fundamental condenar veementemente qualquer tentativa de subversão da democracia, seja por parte de civis, seja por militares. A história recente do Brasil já mostrou os impactos devastadores que um golpe pode causar na sociedade, na economia e nos direitos civis. Repetir tais erros seria catastrófico.
A divulgação deste áudio serve como um alerta sobre a importância da vigilância cidadã e da atuação firme das instituições para conter ameaças ao sistema democrático. Em um momento de fragilidade política, reafirmar o compromisso com os valores democráticos é essencial para garantir a estabilidade e o respeito às leis.
Investigação precisa ser rigorosa
O episódio envolvendo o general Mário Fernandes deve ser investigado com rigor, e os responsáveis por quaisquer atos golpistas precisam ser responsabilizados. A democracia brasileira, embora jovem, é fruto de lutas históricas que não podem ser desrespeitadas. Cabe à sociedade, às instituições e ao governo reforçar, cada vez mais, o valor da ordem democrática e o repúdio absoluto a qualquer tentativa de golpe.