Um novo estudo da Casa Fluminense traz à tona a dura realidade enfrentada por milhões de moradores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro: o alto custo do transporte público. A pesquisa revela que mais de um milhão de pessoas comprometem, no mínimo, um quarto de seus salários com os deslocamentos diários.
A situação é ainda mais grave em cidades como Belford Roxo, onde cerca de 177 mil habitantes, ou seja, 40% da população, destinam mais de 30% de seus rendimentos para o transporte. Essa realidade se repete em outras cidades da Baixada Fluminense, onde a população negra e parda, que já enfrenta diversas desigualdades, é a mais afetada.
Enquanto isso, moradores de áreas mais privilegiadas, como a Zona Sul e a Barra da Tijuca, gastam em média menos de 5% de seus rendimentos com transporte. Essa disparidade evidencia a profunda desigualdade social presente na Região Metropolitana do Rio.
As consequências dessa desigualdade são diversas e impactam a vida das pessoas de forma significativa. Giovana da Silva Fernandes, professora da rede pública, relata que o alto custo do transporte a obriga a priorizar a alimentação de sua filha em detrimento da própria. Já Marcos Bruno Borges, que trabalha em uma clínica da família no Centro do Rio, passa a semana em um abrigo popular devido aos altos custos de deslocamento.
A dificuldade de acesso ao trabalho também é um problema enfrentado por muitos moradores de regiões mais distantes. Nereide Fernandes, por exemplo, busca emprego há 8 anos e enfrenta dificuldades para conseguir uma vaga devido aos altos custos de transporte.
Para Vitor Mihessen, pesquisador da Casa Fluminense, a solução para esse problema passa pela implementação de um Sistema Único de Mobilidade. "Esse direito ao transporte é pensar que você precisa de um sistema que tenha plano, que tenha conselho, que tenha fundo de financiamento e que tenha as três esferas comprometidas: o governo federal, o governo estadual e o governo municipal para garantir esse direito ao deslocamento", afirma.