Casa das Águas: do sonho à lama em um mar de suspeitas
O que seria um marco cultural para o Rio de Janeiro, celebrando a água e a sustentabilidade, transformou-se em um pesadelo de atrasos, desvios de verba e suspeitas de corrupção. A Casa das Águas, idealizada pelo empresário Jefferson Mello, deveria ser um centro cultural com arquitetura imponente, cinema, museu e exposições imersivas, mas 12 anos após o anúncio, a obra permanece inacabada e repleta de problemas.
Com um investimento superior a R$ 10 milhões, provenientes de leis de incentivo à cultura, o projeto despertou expectativas, mas os resultados foram pífios. Atualmente, o casarão histórico que abrigaria a Casa das Águas apresenta um cenário lamentável: infiltrações, chão molhado e um longo caminho a percorrer para se tornar o espaço cultural prometido.
Uma investigação realizada pelo deputado estadual Alan Lopes revelou a gravidade da situação. Além dos atrasos na obra, há fortes indícios de que Jefferson Mello tenha desviado recursos públicos para contratar sua própria empresa e a de sua esposa, a chefe de cozinha Roberta Luz de Barbosa, para prestar serviços no projeto.
A maior parte dos recursos captados foi destinada ao Instituto de Sustentabilidade e Novos Talentos do Esporte e da Cultura (Intec), fundado por Mello. O empresário, que já foi diretor de marketing do Botafogo, utilizou o instituto para direcionar contratos para suas próprias empresas, como a Jeff & Sports Marketing e Comunicação, que recebeu mais de R$ 730 mil em pagamentos.
A Cedae, que cedeu o casarão para o projeto, também levantou suspeitas sobre as contas do Intec e iniciou procedimentos jurídicos para reaver o imóvel. O Ministério da Cultura, por sua vez, informou que a prestação de contas do projeto está sob análise.
Em meio a este cenário de denúncias e investigações, a Casa das Águas se tornou um símbolo do desperdício de recursos públicos e da falta de transparência em projetos culturais no Brasil.