A Polícia Federal (PF) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) novas provas que indicam a existência de um esquema na Prefeitura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, para falsificar dados de vacinação contra a Covid-19. As investigações revelam uma "grande estrutura" montada dentro da administração municipal para inserir informações falsas no sistema do Ministério da Saúde.
Diálogos revelam conhecimento da fraude
Um dos elementos que sustentam as acusações são conversas entre a subsecretária municipal de Saúde na época, Célia Serrano - hoje titular da pasta -, e uma servidora. Nas mensagens, a servidora alerta Serrano sobre a solicitação da direção de uma unidade de saúde para incluir registros de pessoas que não tomaram a vacina, ressaltando que se tratavam de "registros irregulares". A subsecretária responde com a frase "Olha lá só Jesus na causa", o que, para a PF, indica que Serrano tinha conhecimento das fraudes.
Registros falsos e otes inexistentes
Em outro momento, Serrano solicita a inclusão do nome de três pessoas no sistema. A investigação constatou que os registros apontam que o trio recebeu duas doses da vacina - uma adicional e uma de reforço - no mesmo dia, em locais diferentes.
Fica ainda mais evidente a irregularidade em outro episódio, quando Serrano pede o registro da aplicação de uma vacina cujo lote havia acabado de chegar. A servidora informa que incluiu um lote diferente e que faria a correção no dia seguinte. A subsecretária, no entanto, responde: "qualquer lote tá bom".
Prefeitura se coloca à disposição
Em nota oficial, a prefeitura de Duque de Caxias declarou que não foi oficialmente comunicada sobre o relatório da PF, mas que "permanece à disposição das autoridades para colaborar em todos os aspectos necessários, com toda e qualquer investigação".
Washington Reis nega irregularidades
Após a operação de busca e apreensão em sua casa no início do mês, o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, negou qualquer irregularidade com a vacinação na cidade e afirmou que não iria "bater boca com a Justiça". Ele destacou os esforços da gestão durante a pandemia:
"Fomos a cidade número um do país. Não fechamos, abrimos hospitais, abrimos 200 leitos de CTIs, atendemos toda a Baixada Fluminense, vacinamos todo mundo. Não guardamos vacina e nunca faltou vacina. Agora nós estamos sendo vítimas, não vou dizer de covardia porque não sou frouxo. Eu vacinei no meio da rua, mostrando o meu braço."
O caso segue em investigação
As novas provas apresentadas pela PF reforçam as suspeitas de fraude na vacinação em Duque de Caxias. A investigação segue em curso para determinar todos os envolvidos e as responsabilidades pelas irregularidades.
É importante ressaltar que as acusações ainda estão em fase de investigação e que os envolvidos têm o direito de se defender.