Um policial civil atirou em um rapaz autista, na última quarta-feira (10), em Magé, na Baixada Fluminense. Gessé Souza dos Reis, de 30 anos, teria se assustado com uma viatura da Polícia Civil e correu.
O policial civil teria perseguido o homem e atirou nele, acertando sua coxa, causando uma fratura exposta do fêmur.
Inicialmente, Gessé foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Piabetá, também em Magé. No entanto, por conta dos ferimentos, ele precisou ser transferido para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias, onde foi operado.
Descrito pela família como sorridente, brincalhão, carinhoso e apaixonado por música, Gessé estava a caminho da casa de uma irmã quando foi ferido.
De acordo com os parentes do rapaz, um policial civil tentou abordar Gessé, que se assustou e correu.
Segundo testemunhas, além do policial que atirou, outros dois agentes estavam no carro da Polícia Civil.
Uma moradora do bairro Piabetá conta que ainda alertou os policiais que o rapaz era inocente, mas ainda assim o agente disparou. Em seguida, ele negou que havia disparado contra o rapaz.
Após a cirurgia, Gessé continua internado com quadro estável. A família conta que os médicos avaliam se ele vai precisar de outra cirurgia para retirar a bala que ficou alojada em uma região delicada da perna.
Família registrou ocorrência
A família de Gessé registrou o caso na delegacia no mesmo dia. Eles contam que encontraram na delegacia dois dos três policiais que estavam na ocorrência. São eles: Fabrício Barbosa Santos e Evandro Monteiro Filho.
Os parentes dizem o policial responsável pelo disparo é Evandro. E que Fabrício, que também estava na ação, ouviu os depoimentos das testemunhas na delegacia. A Polícia Civil nega.
No registro de ocorrência, Evandro contou que a equipe procurava um homem suspeito de homicídio. E que assim que Gessé correu, mesmo com ordem de parada, ele correu atrás, a pé. Fabrício e uma policial identificada como Bianca teriam seguido os dois na viatura, com giroflex e sirene ligados.
Gessé Souza dos Reis, de 30 anos, está com a bala alojada na perna. Ele está internado no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, sem previsão de alta médica. Policial diz que disparou contra o chão na tentativa 'de repelir a possível agressão'.
Ainda de acordo com agente, Gessé estava com um pedaço de madeira e agiu de forma agressiva, tentando agredi-lo. Foi quando, segundo ele, fez um disparo na direção do chão, na tentativa de se defender. Em seguida, ainda de acordo com o depoimento, Gessé largou o pedaço de madeira e caiu no chão.
A Comissão de Direitos Humanos da Alerj acompanha o caso. O advogado da família de Gessé diz que só conseguiu ter acesso ao registro de ocorrência um dia após o incidente. Ele pede que o caso seja transferido para outra delegacia e encaminhado ao Ministério Público.
Nota da Polícia Civil
"O caso é investigado pela 66ª DP (Piabetá). De acordo com os agentes envolvidos na ação, durante uma abordagem, o homem correu e encurralou um policial civil, que, para resguardar sua segurança e integridade física, realizou um disparo de arma de fogo na direção do solo, na tentativa de repelir a possível agressão. Um estilhaço feriu a perna do homem. Imediatamente, ele foi socorrido pelos agentes, que acionaram o Samu, e encaminhado para um hospital da região.
O registro de ocorrência não foi feito pelo policial que realizou o disparo e ele não participa da investigação. O agente foi ouvido e diligências estão em andamento para apurar os fatos. A Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL) foi comunicada e acompanha a investigação."