O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, criticou nesta quarta-feira (10) a forma como o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) se posicionou sobre a abordagem de policiais militares a cinco adolescentes, três deles filhos de diplomatas estrangeiros negros, em Ipanema. Castro afirmou que houve um julgamento precipitado por parte das autoridades federais e que uma investigação rigorosa está em andamento para apurar os fatos.
O caso está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar, que avalia a conduta dos agentes, e pela Polícia Civil, que apura se houve racismo durante a abordagem. Os dois policiais envolvidos no caso já prestaram depoimento à Corregedoria e, nesta quinta-feira (11), devem ser ouvidos na Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat).
O governador afirmou que não vai "crucificar" os policiais envolvidos no caso antes que a investigação seja concluída. Ele ressaltou que a Corregedoria da PM é um órgão sério e que o devido processo legal será seguido. Castro também cobrou uma investigação "séria e isenta" e disse que, se for comprovado que os policiais cometeram algum erro, eles serão punidos.
Discordância com o Itamaraty
Castro se mostrou discordante da forma como o Itamaraty se posicionou sobre o caso, afirmando que o Ministério deveria ter buscado o diálogo com o governo do estado antes de emitir uma nota pública. Ele ressaltou que a polícia está "para defender o cidadão" e que, se errar, será punida dentro da lei.
As declarações do governador foram feitas durante a inauguração de uma base do programa Segurança Presente no acesso ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. A unidade conta com 22 policiais militares, além de 4 motos e 2 carros. O objetivo do programa é aumentar a segurança dos passageiros e visitantes do aeroporto.
A abordagem aconteceu no dia 3 de julho, quando dois policiais militares abordaram cinco adolescentes na Rua Prudente de Moraes, em Ipanema. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que os policiais apontam armas para os adolescentes negros, acompanhados de dois garotos brancos, brasileiros. Os diplomatas consideraram a ação truculenta e o embaixador do Gabão no Brasil, Jacques Michel Moudouté-Bell, chegou a denunciar racismo.
A investigação sobre a abordagem dos policiais militares ainda está em andamento. O governador Cláudio Castro espera que o Itamaraty e o Ministério das Relações Exteriores tenham "mais respeito e consideração pela Polícia Militar" e que evitem fazer críticas públicas antes de ter todos os fatos do caso.