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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (21) que a anulação do leilão do arroz se deu porque houve uma "falcatrua numa empresa".

Lula se referiu à polêmica concorrência para compra do arroz importado, que acabou cancelada após indícios de irregularidades e culminou na demissão do então secretário de Política Agrícola, Neri Geller.

Elise Ventura
Por: Elise Ventura
21/06/2024 às 11h40
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (21) que a anulação do leilão do arroz se deu porque houve uma "falcatrua numa empresa".
Reprodução da internet

"Tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. E depois tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa. Por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 o pacote de cinco quilos. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá pra ser um preço exorbitante", argumentou Lula.

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"Vamos inclusive financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprar e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo", completou o presidente.

A declaração foi dada em entrevista à Rádio Meio FM, de Teresina, no Piauí.

Taxa Selic

Lula criticou mais uma vez a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tomou a decisão de forma unânime.

"O sistema financeiro brasileiro não está preocupado em fazer investimento na produção, no setor produtivo. Ele está preocupado em especular, é por isso que a taxa de juros fica em 10,5% sem nenhuma explicação, sem nenhum critério", disse o presidente.

Aprovação do governo e reforma

Lula foi questionado na entrevista sobre a aprovação do governo. O presidente voltou a afirmar que está em um ano de colheita dos projetos iniciados em 2023.

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"Demora para as pessoas compreenderem, não é do dia para noite', disse.

Na terça-feira (18), pesquisa Datafolha mostrou que a aprovação do trabalho do presidente segue estável quando comparada à rodada anterior, feita em março, oscilando de 35% para 36%, enquanto a reprovação passou de 33% para 31%. A avaliação do trabalho de Lula como regular foi de 30% para 31%.

Lula também afirmou que, no momento, não vê "necessidade de fazer reforma ministerial". Atualmente, o primeiro escalão do governo tem 39 ministérios.

"Estou satisfeito com meus ministros", declarou.

Eleições municipais

Lula voltou a afirmar que apoiará candidatos nas eleições municipais, mas que tomará cuidado para não criar atritos com os partidos que lhe dão apoio no Congresso Nacional.

"O presidente também reforçou o empenho para derrotar candidatos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

"Onde não tiver candidato [do PT], vou apoiar candidato aliado. Não quero que os adversários ganhem, porque os adversários são negacionistas", afirmou.

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Lula citou que apoia as candidaturas de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo, de Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro, de Maria do Rosório (PT) em Porto Alegre e de Fábio Novo (PT) em Teresina.

Demissão na Agricultura

A demissão de Neri Geller, ex-secretário de Política Agrícola, foi anunciada pelo ministro da Agricultura Carlos Fávaro na semana passada.

Na ocasião, Fávaro disse que o próprio secretário havia pedido demissão. À imprensa, Geller negou ter pedido a saída da pasta.

Um ex-assessor de Geller, que também é sócio do filho dele em uma empresa, foi um dos negociadores do leilão.

Entidades agrícolas e membros da oposição apontaram um suposto favorecimento da corretora do ex-funcionário de Neri Geller na concorrência.

Leilão anulado

O leilão de importação de 263 mil toneladas de arroz foi anulado pelo governo federal no dia 11 de junho após indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras.

Em relação à capacidade técnica das vencedoras, o que se tem apontado é que três das quatro vencedoras não são do ramo de arroz ou de importação, o que, segundo analistas de mercado, poderia gerar problemas na operação.

Essas empresas receberiam recursos do governo para importar e entregariam o produto em unidades da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Por outro lado, nenhuma companhia tradicional participou do leilão, segundo uma das bolsas que operou a negociação.

A Conab explicou que, no atual modelo de leilão, a estatal só fica sabendo quem são as empresas vencedoras após os resultados da operação. Isso porque quem intermedia as negociações são as bolsas de cereais.

O arroz seria vendido em pacotes de 5 quilos por um preço tabelado de R$ 20 e teria o rótulo do governo. Nos supermercados de São Paulo, o pacote de 5 quilos tem sido vendido, em média, por R$ 30.

O governo decidiu importar arroz poucos dias depois do início das enchentes no Rio Grande do Sul para evitar alta nos preços do alimento, diante da dificuldade pela qual o estado passava para transportar o grão para o restante do país.

A decisão contrariou os produtores, que têm afirmado que há arroz suficiente para abastecer o Brasil. O RS é responsável por 70% da produção nacional do grão e já havia colhido 80% do cereal antes das inundações.

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