O Ministério Público ouviu novas testemunhas depois de reabrir o processo da morte do menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, que foi morto com um tiro de fuzil na cabeça no Morro do Alemão em 2015. A mãe da vítima, que apresentou várias novas provas para o MPRJ, expressou sua sensação de alívio com o andamento do caso na Justiça.
As testemunhas foram unânimes em afirmar que não houve confronto no momento do disparo, contradizendo a versão dos PMs investigados no caso, Rafael de Freitas Monteiro Rodrigues e Marcus Vinícius Bevitori.
Uma testemunha ouvida no final de 2023 relatou que presenciou o momento do disparo e viu o menino cair. Ela afirmou que Eduardo estava sozinho, sentado na escada, e que não havia mais ninguém por perto, nem moradores nem traficantes.
Nesta quinta-feira (20), o caso de Eduardo de Jesus foi exibido no programa Linha Direta, da TV Globo.
Dois policiais militares que faziam parte da mesma equipe dos agentes envolvidos na morte de Eduardo também afirmaram, em depoimentos à 1ª Promotoria de Investigação Penal, que não houve confronto no local. Um deles alegou que "os únicos tiros foram disparados pelos rifles dos policiais da UPP".
Na última segunda-feira (17), peritos que participaram da investigação da morte do menino prestaram novos depoimentos no inquérito reaberto devido a novas evidências apresentadas pela mãe da criança, incluindo uma testemunha-chave e mais de 40 vídeos da região no dia do crime. Uma nova reconstituição do crime não está descartada.
No mês passado, a irmã de Eduardo foi ouvida novamente, assim como o delegado que esteve no local no dia do crime.
A exibição do caso no Linha Direta é resultado de um pedido da atriz e escritora Fernanda Montenegro, que solicitou a Pedro Bial que a história de Eduardo fosse contada no programa. Terezinha de Jesus, mãe do menino Eduardo, estava presente no teatro durante o pedido.
Desabafo da mãe da vítima
A empregada doméstica Terezinha Maria de Jesus, mãe de Eduardo, tem se sentido mais aliviada nos últimos meses com o andamento do processo. Em entrevista ao g1, ela desabafou sobre a longa luta para que a morte do filho fosse investigada novamente.
Em abril de 2015, Eduardo foi morto com um tiro de fuzil na cabeça por um policial militar da UPP do Alemão, enquanto brincava no celular na porta de casa.
Na época, o inquérito da Polícia Civil, investigado pelo delegado Rivaldo Barbosa, concluiu que os policiais agiram em legítima defesa. A investigação foi contestada por Terezinha, que agora vê o caso avançar com novas evidências.
Em setembro do ano passado, o Ministério Público determinou o desarquivamento da investigação devido às novas provas apresentadas. Marcus Vinícius Bevitori, que havia sido excluído da denúncia anterior, voltou a ser investigado.
Terezinha criticou fortemente a atuação do delegado Rivaldo, alegando que ele nunca investigou o caso de Eduardo de forma adequada. Ela agradeceu o auxílio do advogado João Pedro Accioly e a visibilidade proporcionada pela peça "Macacos" na qual sua história foi contada..