Um novo capítulo nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes expõe a atuação de Pedro Paulo Figueiredo Pereira, conhecido como Dom Pepito, em um esquema de espionagem dentro do PSOL. De acordo com o relatório da Polícia Federal, Dom Pepito, que não era filiado ao partido, foi responsável por filiar o miliciano Laerte Silva de Lima, que se infiltrou na legenda para monitorar os passos da vereadora.
A investigação aponta que Laerte se filiou ao PSOL em 2 de abril de 2017, junto com sua esposa, Erileide Barbosa da Rocha. Segundo o delator Ronnie Lessa, Laerte foi recrutado por Edmílson Oliveira da Silva, o Macalé, a partir de setembro do mesmo ano, com o objetivo de acompanhar os passos de Marielle e informar sua relevância dentro do partido aos irmãos Brazão, apontados como mandantes do crime.
Um dos pontos que intriga os investigadores é como Dom Pepito, não sendo filiado ao PSOL, pôde assinar a ficha de filiação de Laerte. A certidão do Tribunal Superior Eleitoral comprova que Dom Pepito só se filiou ao partido em 2 de outubro de 2017, seis meses após a filiação de Laerte.
Apesar de não ser filiado, Dom Pepito participou ativamente da campanha eleitoral do PSOL em 2016, apoiando o então deputado estadual Marcelo Freixo na disputa pela prefeitura do Rio. Conselheiro municipal de Saúde e responsável pela Associação Comunitária dos Moradores e Amigos das Cinco Marias, em Guaratiba, Dom Pepito também foi candidato a deputado federal pelo Prona em 2008, sem obter êxito.
Dois dias após o assassinato de Marielle e Anderson, Dom Pepito publicou em uma rede social uma imagem do cartaz do Disque Denúncia com a legenda "Muitas surpresas irão surgir neste caso". A frase enigmática levanta questionamentos sobre o seu conhecimento dos fatos.