Sábado, 12 de Julho de 2025
18°C 23°C
Rio de Janeiro, RJ
Publicidade

No Dia Internacional da Mulher, que tal lembrarmos das dificuldades e desafios presentes no cotidiano das mulheres PcDs?

Naves lembra, por exemplo, que mulheres com deficiência são duplamente discriminadas no mercado de trabalho – por serem mulheres e por terem alguma deficiência. Isso significa sofrer com a invisibilidade e muito mais discriminação no trabalho.

Maurício Júnior
Por: Maurício Júnior
08/03/2024 às 15h12 Atualizada em 09/03/2024 às 15h21
No Dia Internacional da Mulher, que tal lembrarmos das dificuldades e desafios presentes no cotidiano das mulheres PcDs?
Foto: Divulgação / Reprodução

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é fundamental destacarmos não apenas as conquistas das mulheres, mas também refletirmos sobre as barreiras e desafios frequentes que elas ainda enfrentam, especialmente aquelas que têm deficiência. Para o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão, é preciso trazer à discussão a rotina difícil que ainda faz parte da vida de muitas dessas mulheres, principalmente das mais pobres. 

Continua após a publicidade
Anúncio

Naves lembra, por exemplo, que mulheres com deficiência são duplamente discriminadas no mercado de trabalho – por serem mulheres e por terem alguma deficiência. Isso significa sofrer com a invisibilidade e muito mais discriminação no trabalho.

A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência reconhece: “mulheres e meninas com deficiência estão sujeitas a múltiplas formas de discriminação”. Mulheres PcDs sofrem discriminação de gênero e de capacidade, o que as torna mais vulneráveis a uma série de situações penosas, incluindo questões relacionadas aos direitos humanos, violência, saúde, sexualidade, educação e trabalho.

André Naves lembra que a violência marca o cotidiano de muitas mulheres desse grupo, de forma agressiva e direta, seja por meio da violência física, sexual ou pela violência psicológica. “Mulheres com deficiência são mais propensas a ter baixa autoestima e, em consequência, a manter relacionamentos abusivos. É urgente que tenhamos políticas públicas mais efetivas para o combate ao capacitismo, contemplando a proteção e os direitos dessas meninas e mulheres”, pontua o Defensor, que acrescenta: “Fazemos parte de uma sociedade capacitista, que discrimina os PcD´s em geral, mas muito as mulheres com deficiência do que os homens. 

De acordo com o imaginário da sociedade, o homem PcD, em geral, pode ser cuidado por uma mulher sem deficiência. Já a mulher PcD não pode se relacionar afetivamente, ter um trabalho e cuidar da casa porque não tem capacidade de cuidar de si mesma e de ter uma profissão”, frisa.

Nesta data, devemos destacar também o cotidiano atribulado das mães que têm filhos com deficiência. Conhecidas como mães atípicas, elas denunciam a sobrecarga de trabalho e a falta de redes de apoio psicológico e financeiro, o que pode acarretar, em muitas delas, estresse físico e mental.

Exemplo de preconceito em dobro é o vivido por Maria Alexandra Giorgio Natali, de 40 anos. Mulher preta que tem paralisia cerebral (com idade mental de 5 anos), é filha adotiva da jornalista Nydia Giorgio Natali, de 69 anos. Nydia conta que o preconceito começou cedo, em sua própria casa. A tia chamava Alexandra de negrinha e não queria a aproximação da menina.

“Maria Alexandra nunca aprendeu a ler e escrever, mas vive com caderno e lápis na mão fingindo que escreve. Na realidade, ela nunca sentiu o preconceito diretamente e é feliz. Sempre fiz de tudo para que minha filha não soubesse o que é preconceito de verdade, apesar de lidarmos com isso diariamente”, ressaltou Nydia.
 
Mas há também boas notícias. Na contramão das dificuldades, há exemplos de sucesso entre mulheres PcDs, como o da modelo e influenciadora Maju, que é uma entre as 300 mil pessoas com Síndrome de Down no Brasil e a primeira a desfilar nas passarelas da Brasil Fashion Week. Com apenas 23 anos, já possui um vasto currículo – com trabalhos na São Paulo Fashion Week e L’Oréal Paris, mostrando que não há barreiras para pessoas com deficiência quando passamos por cima do preconceito.

Continua após a publicidade

Outro bom exemplo é o da atriz, autora teatral, influente digital, ativista e palestrante Tathi Piancastelli, que já foi, inclusive, homenageada com a personagem Tati, da Turma da Mônica. Ela iniciou sua carreira nas artes cênicas em Campinas (SP), atuando em várias peças, entre elas o musical Grease. Percebendo seu talento, a família a incentivou a seguir em frente. 

Ao se mudar para os EUA, Tathi se encantou com a Broadway e decidiu escrever sua própria peça. Não só escreveu, como atuou como personagem principal em 'Menina dos Meus Olhos'. A peça conta a história da adolescente Bela, que busca o amor e a aceitação social. Tornou-se, assim, a primeira autora com Síndrome de Down a escrever e atuar numa peça.

"É fundamental reconhecermos as lutas das mulheres PcDs e trabalharmos para superar as barreiras que as impedem de alcançar seu pleno potencial. Isso requer um compromisso renovado do poder público, dos legisladores e de toda a sociedade para promover a inclusão e a igualdade em todos os aspectos da vida”, finaliza o Defensor Público.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
André Naves
André Naves
Defensor Público Federal, escritor e professor. Doutor em Direito e Economia. Especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Sustentável.

Pesquisador do Centro de Estudos e Proteção Internacional de Minorias (USP), do Centro de Estudos sobre Economia Industrial, Trabalho e Tecnologia (PUC-SP), e do Centro de Estudos sobre Economia Política e Desenvolvimento Humano (PUC-SP).
Ver notícias
Rio de Janeiro, RJ
19°
Tempo limpo
Mín. 18° Máx. 23°
19° Sensação
1.03 km/h Vento
84% Umidade
0% (0mm) Chance chuva
06h33 Nascer do sol
06h33 Pôr do sol
Domingo
22° 16°
Segunda
22° 15°
Terça
22° 16°
Quarta
23° 16°
Quinta
24° 17°
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,56 +0,00%
Euro
R$ 6,50 +0,00%
Peso Argentino
R$ 0,00 +2,44%
Bitcoin
R$ 695,869,39 +0,09%
Ibovespa
136,187,31 pts -0.41%
Publicidade
Publicidade
Enquete
...
...