As obras de revitalização do Cais do Valongo, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, foram entregues na manhã desta quinta-feira (23).
O local foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2017 e é reconhecido como tendo sido usado como o principal cais de desembarque de pessoas escravizadas no Rio.
Entre as intervenções que pretendem ressaltar a importância do espaço estão um novo guarda-corpo, iluminação e sinalização informativa no padrão da Unesco. O local também recebe a exposição: "Valongo, Cais de Ancestralidades", que conta a história do local e a relação com a região conhecida como Pequena África.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a importância do Cais do Valongo. "A memória é uma forma de educar para o futuro", disse o ministro.
Segundo a coordenadora de Cultura da Unesco, Isabel de Paula, o local marca a a relação entre Brasil e África.
"A África é uma prioridade global da Unesco e esse lugar marca a relação entre a África e o Brasil. Uma relação que precisa ser valorizada."
O Cais do Valongo foi revelado durante as obras do Porto Maravilha, realizadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 2011. Em 2017 foram iniciadas as negociações para o projeto de revitalização do sítio arqueológico.
"O significado dessa lavagem é para trazer amor, felicidade e harmonia para um lugar que foi palco de atrocidades. Trazer a alegria do batuque e dança para homenagear a memória dos nossos ancestrais. Se eu sou quem sou hoje, eu agradeço a eles", diz mãe Celina de Xangô.
O local recebeu mais de um milhão de pessoas escravizadas entre 1774 e 1831. O espaço passou por um processo de apagamento ao longo dos séculos com sucessivos aterramentos.
Segundo Gracy Mary, bisneta da Tia Ciata, desde que se tornou de conhecimento público que o cais estava soterrado naquele local, começou a movimentação para tornar o local um patrimônio.
"Fizemos o dossiê de elaboração para entregar para a Unesco e ficamos felizes no dia da votação , que fomos contemplados. Viram que era um bem de valor excepcional que culminou nesse movimento de resgate da memória e valorização do patrimônio e da história do Brasil que não foi contada", afirmou Gracy.