De acordo com informações uma mulher de 36 anos foi enterrada viva no Cemitério Municipal de Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata mineira, ainda de acordo com investigações preliminares, ela pode ter ficado pelo menos 10 horas trancada no túmulo.
A mulher seguiu internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) manhã desta quarta-feira (29/03/2023) no Hospital São João Batista. O estado de saúde é considerado muito grave.
“Acredito que possa ser um período aproximado de 10 horas. Se a gente fizer um cálculo, o horário pode ser um indício. Ela pode ter sido colocada lá de 22h a 2h da manhã”, explicou tenente da Polícia Militar Ely Dias Moreira, ao portal g1.
Vale lembrar que a mulher foi encontrada na terça-feira (28) de manhã por coveiros, que chegaram para trabalhar e encontraram sangue e a estrutura fechada com cimento fresco.
A polícia informou que os coveiros do local chamaram a corporação depois que perceberam que a estrutura estava fechada com tijolos e cimento fresco. No local, os policiais que atenderam a ocorrência escutaram pedidos de socorro. Ao abrirem o túmulo, a mulher foi resgatada com ferimentos na cabeça.
Segundo a Polícia Civil, ela foi colocada no local como forma de vingança por não entregar armas e drogas que estaria guardando a pedido dos autores do crime. Ela alegou que os produtos foram “extraviados”.
A mulher foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada ao Hospital São João Batista. Duas pessoas são procuradas na investigação policial que já está em andamento, a notícia que tomou as páginas de jornais e sites de todo o Brasil chocou a pequena cidade mineira, que possuiu menos de 50 mil habitantes, de acordo com o IBGE.
O estado de saúde da vítima
A atualização estado de saúde da paciente foi repassada ao g1 pelo médico Henrique Slaib, diretor geral do hospital e cirurgião assistente da paciente.
Slaib conversou com a reportagem do g1 sobre as condições que a vítima chegou à unidade de saúde na manhã da terça-feira (28). Antes de ser socorrida, ela passou cerca de 10 horas presa na gaveta, depois de sofrer agressões de uma dupla que foi até a casa dela cobrar por drogas e armas que teriam ‘extraviado’.
“Ela chegou muito suja, com vários cortes grandes no couro cabeludo, uma lesão grave no dedo da mão, fratura nos braços e possivelmente uma fratura de perna, além de traumatismo cranioencefálico (TCE)”.
Conforme relato do médico, a sedação foi retirada nesta quarta, mas ela ainda encontra-se em estado sonolento. “Ela foi levada ao CTI, onde foi feita limpeza e sutura. Agora a pressão está mantida por condições próprias e ela respira sem a ajuda de aparelhos. Ainda está torporosa, mas não sabemos quando é da sedação residual”, completa.
Quadro de desidratação
O médico também disse que a paciente chegou muito desidratada à unidade, situação que pode ter se agravado em função do local onde ela ficou presa por mais de 10 horas. Ele, porém, diz que ainda é cedo para avaliar alguma sequela provocada pela falta de oxigenação no cérebro.
“Ainda não sabemos quantos por cento da situação foi causada pelo trauma e quanto é hipóxia cerebral [condição em que não chega oxigênio suficiente às células e tecidos do corpo]. Isso terá que ser avaliado em uma ressonância. Mas ainda é cedo para isso. Focamos na fase mais primária, de salvar a vida dela. A tomografia feita indica que não será necessária cirurgia”.
Local fechado agravou situação
O médico também ressalta sobre as possíveis condições prévias da mulher, que ajudaram a agravar o quadro clínico na chegada ao hospital. “O local onde ela ficou (gaveta) é possivelmente quente e ela não ingeriu nada. Sem contar nas condições adicionais, como as fraturas e as próprias condições de saúde dela”.
Questionado sobre o possível tempo que ela poderia suportar ainda no cemitério, o cirurgião preferiu não opinar. “Eu não sei as condições do local onde ela estava, se tivesse fresta talvez pudesse ficar mais tempo. A questão maior são os golpes da agressão, algumas com cortes contusos, causados por algum objeto como faca, facão ou algo do tipo”.
Médicos acreditam em recuperação da vítima
Mesmo com quadro grave, ela está em evolução, segundo ele. A equipe aguardará pela evolução da paciente nas próximas 48 horas.
Com a imprensa noticiou o caso